BDRs aproximam oportunidades de investimentos em papéis estrangeiros

Até bem pouco tempo atrás, investir na B3 tinha ao menos uma delimitação: os papéis disponíveis eram somente aqueles comercializados na Bovespa. Pois essa restrição caiu por terra a partir das BDRs – sigla em inglês de BrazilianDepositaryReceipts, ou, na tradução, Recibos Depositários Brasileiros. A partir dessa opção, o investidor brasileiro ficou mais próximo de gigantes como Tesla, Facebook, Apple e Disney. “Uma BDR funciona como um título representativo, que acompanha a performance da empresa à qual ela está lastreada. Isso permite que o investidor brasileiro alcance grandes empresas que operam somente no exterior”, explica Sanzio Cunha, trader, CEO e sócio fundador da Lotus Capital. “É como entrar no supermercado onde você faz compras e poder levar um produto que só está disponível na Walmart, nos Estados Unidos. Isso aprofunda a relação do investidor com novos focos de investimentos”, complementa. No caso das BDRs, explica Sanzio, é necessário que haja uma espécie de importadora, chamada de instituição depositária. Ela é responsável por comprar os ativos diretamente no exterior e comercializá-los na B3, mediante a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “A instituição depositária, é claro, tem a restrição de vender somente a quantidade de ações que ela tem sob seu domínio”, orienta. Uma vantagem da BDR é que os títulos são vendidos em reais. Isso, segundo ele, mantém o papel atraente. A facilidade de acesso a grandes empresas mundiais, contudo, não livra o investidor dos riscos. “São companhias que sofrem as mesmas volatilidades dos nossos ativos nacionais. E por isso nem sempre valem a pena. É preciso ampliar o campo de estudos, começar a investigar mais a saúde financeira e as estratégias econômicas dessas empresas antes de comprar. Isso não é pra qualquer perfil de investidor”, adverte. Um exemplo, segundo ele, ocorre com a Netflix, gigante do serviço de streaming. Desde o início do ano, as ações da empresa despencaram 63,35%, significando uma perda de US$ 168 bilhões. “Pode ser bonitinho dizer que tem ações da Netflix na carteira, mas o que representa isso na prática? São perdas ostensivas. Como diz o ditado, nem tudo que reluz é ouro. E no caso das BDRs, essa máxima também prevalece. Então é importante conhecer o momento em que se está comercializando os ativos”, avisa.

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